Batalha de Pungo Andongo

Batalha de Pungo Andongo
Data Fevereiro 1671 – 18 Novembro 1671
Local Pungo Andongo, Angola
Desfecho Vitória Portuguesa
Beligerantes
Império Português Reino do Dongo
Comandantes
Luís Lopes de Sequeira Dom João Hari
  • Dom Diogo Cabanga
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


A Batalha de Pungo Andongo, também conhecida como Cerco de Pungo Andongo, foi um confronto militar no que hoje é Angola, entre Portugal e o Reino do Dongo cuja capital, Pungo Andongo, também conhecida como "Pedras Negras", foi atacada e, após nove meses de cerco, a capital tomada de assalto, saqueada e ocupada pelos portugueses.

Toda a família real de Andongo foi capturada e os portugueses construíram um forte em Pungo Andongo. O Reino do Dongo deixou, assim, de existir.

Contexto

Em 1670, os portugueses foram derrotados na Batalha de Quitombo pelas forças do Conde do Soyo D. Estevão da Silva, este apoiado pelos holandeses. O rei de Quitombo, D Luís, pró-português, foi seguidamente deposto por um rival, D. António Carrasco, que massacrou os portugueses naquela cidade.[1]

Encorajado por estes contratempos dos portugueses, o rei do Dongo, D. João Hari ("Angola Hari), aproveitou para se revoltar contra a suserania portuguesa, cortou todas as comunicações entre Luanda e o reino de Cassanje, este aliado dos portugueses, e atacou caravanas comerciais portuguesas.[2] Enviou também emissários para vários reinos vizinhos, entre elas o reino da Matamba, com vista a uni-los sob o seu estandarte contra os portugueses.[2]

O governador de Angola, Francisco de Távora, reagiu a estes acontecimentos em celeridade, solicitando reforços ao Brasil português, e rapidamente despachou para a fortaleza de Ambaca um pequeno contingente avançado sob o comando de Luís Lopes de Sequeira, que antes tinha-se distinguido na Batalha de Ambuíla. Registaram-se escaramuças entre portugueses e os guerreiros do Dongo mesmo antes de ter uma grande frota portuguesa chegado a Luanda, trazendo esta muitos reforços do Brasil.[2] Para além do mais, o maior número possível de soldados portugueses e mercenários Imbangalas foram reunidos nas guarnições de Ilamba, Lumbo, Massangano, Cambambe, Muxima e outros lugares.[2] Seria a maior campanha militar que os portugueses já haviam realizado em Angola.[2]

O cerco

Os portugueses saíram de Ambaca em direcção a Pungo Andongo a 2 de Agosto, constantemente assediados por guerreiros africanos, que escaramuçavam com os europeus, procurando impedi-los de se aproximarem da capital.[3] Sequeira conseguiu, no entanto, alcançar o povoado e acampar nas imediações.[4] Todas as propostas de negociações da parte dos portugueses foram violentamente rejeitadas pelos sitiados, pelo que os portugueses deram início à construção de trincheiras e barricadas na expectativa de um cerco prolongado, ao passo que as forças do Dongo frequentemente levavam a cabo ataques contra eles.[2]

A 27 de Agosto de 1671, um feroz ataque contra às linhas portuguesas, liderado por D. Diogo Cabanga, irmão do rei do Dongo, foi rechaçado a tiros de canhão e de arcabuzes.[2] Visto que cada vez mais reforços portugueses chegavam constantemente ao acampamento vindos de Luanda, o rei D. João ofereceu escravos ao comandante português com propostas de se entregar mas só após terem os portugueses levantado cerco; o cerco não foi abandonado, mas o rei foi informado de que seria tratado com misericórdia se se rendesse. Esta mensagem ficou por responder.[2]

Quando chegaram ao Sequeira notícias de que o reino do Matamba preparava-se para socorrer os sitiados com um grande exército, o comandante português mandou que Pungo Andongo fosse tomado de assalto o mais rápidamente possível.[5] Desta feita, na noite de 18 de Novembro, os portugueses escalaram os penedos que cercavam o povoado fortificado sob o manto da escuridão; o primeiro a romper o perímetro fortificado foi o capitão Manuel Nunes Cortês, à frente de um grupo de auxiliares africanos.[5] Seguiram-se violentos combates corpo-a-corpo mas os portugueses lograram capturar o povoado. [5] Muitos defensores morreram na luta e na pilhagem que se seguiu, alguns saltando das altas falésias para fugir ao cativeiro que lhes esperava.[5]

Consequências

Os portugueses capturaram muitos prisioneiros, entre eles muitos nobres e toda a família real do Dongo. O rei D. João Hari havia fugido para o Libolo, mas foi capturado e entregue aos portugueses, acabando executado.[6] O resto da família real do Dongo foi então levada ao exílio no Brasil ou a viver em mosteiros em Portugal.[6] O Reino do Dongo foi assim dissolvido e as suas terras anexadas à Coroa Portuguesa. Um forte foi então construído em Pungo Andongo.[7] Alguns dos cativos não valiam nada para os portugueses, pois eram nobres protegidos por termos anteriores de serem levados cativos e resgatados, que os portugueses respeitaram.[6]

Ver também

Referências

  1. Gastão de Sousa Dias: Os Portugueses Em Angola, Agência Geral do Ultramar, 1959, p. 155.
  2. a b c d e f g h Dias, 1959, p. 156.
  3. Dias, 1959, pp. 156-157.
  4. Dias, 1959, p. 157.
  5. a b c d Dias, 1959, p. 158.
  6. a b c Silvia Hunold Lara: DEPOIS DA BATALHA DE PUNGO ANDONGO (1671): O DESTINO ATLÂNTICO DOS PRÍNCIPES DO NDONGO in Revista Histórica de São Paulo, 2016
  7. Angola - The Defeat of Kongo and Ndongo, Country Studies US