Batalha de Lara-Quilmes

Batalha de Lara-Quilmes
Guerra da Cisplatina
Data 30 de junho de 1826
Local Rio da Prata, Argentina 34° 34′ 00″ S, 58° 00′ 00″ O
Desfecho Vitória brasileira
Beligerantes
Império do Brasil Províncias Unidas do Rio da Prata
Comandantes
James Norton William Brown
Forças
1 fragata
4 corvetas
3 brigues
1 escuna
4 outros navios menores

Total: 208 canhões
1 fragata
4 brigues
1 corsário
3 escunas
9 canhoneiras

Total: 138 canhões
Baixas
Nenhum navio
6 mortos
24 feridos
1 fragata
30, 50 ou mais de 100 mortos, dependendo da fonte
70 ou até mais de 100 feridos, dependendo da fonte

A Batalha de Lara-Quilmes, ocorrida na Guerra da Cisplatina entre Brasil e Argentina, iniciou-se na madrugada de 30 de junho de 1826.

Batalha

Tendo trocado tiros na véspera, as esquadras argentina e brasileira amanheceram o dia juntas.

A brasileira, junto a Punta de Lara: fragata Niterói (38 canhões), corvetas Itaparica (20 canhões), Maria da Glória (30 canhões) e Maceió (20 canhões); brigues Caboclo (18 canhões), Pirajá (22 canhões) e 29 de agosto (18 canhões), e a escuna Leal Paulistana (8 canhões). Tinha também outros barcos, a sotavento, distanciados (por exemplo, o 9 de Janeiro - 2 canhões, o 12 de outubro - 2 canhões, o 7 de março - 3 canhões, e a Conceição - 4 canhões).[1]

A barlavento, em linha reta, encontrava-se a esquadra argentina, com seus melhores navios: a fragata 25 de Mayo (36 canhões), o brigue-barca Congreso (18 canhões), o Independencia (22 canhões), o Republica (16 canhões) e o Balcarce (14 canhões); o corsário Oriental-Argentino (13 canhões); as escunas Sarandi (8 canhões), Rio (1 canhão) e Pepa (1 canhão); e nove canhoneiras.[1]

O Pirajá, postado entre as duas linhas, iniciou o tiroteio. A esquadra argentina virou em roda e orçou estibordo. A brasileira virou por avante e o Caboclo e a Niterói, à frente, cortaram a linha inimiga, ganhando barlavento e aproximando-se bastante da 25 de Mayo, que meteu em cheio e conduziu os demais em retirada, à força de vela.[1]

Tinha-se iniciado a perseguição. Isolada, a 25 de Mayo viu-se coberta a barlavento pelos fogos da Niterói e do Caboclo e a sotavento pelos da Maria da Glória e da Leal Paulistana, que a fustigava pela popa com tiros do seu rodízio de proa. O Caboclo teve o braço grande cortado pelas balas da embarcação adversária, atravessada a gávea, ferido o comandante, em razão do qual atrasou-se. [1] Pelas 10h30, a 25 de Mayo, quase desmantelada, arribou até receber vento pela alheta, ocasião em que a Niterói também arribou e tocou o fundo. Já a Maria da Glória deixara a linha, por falta de água. A Liberal, que ficara para trás, não podia alcançar as embarcações republicanas, o mesmo acontecendo com o Pirajá, enquanto a Itaparica mostrava o mastaréu do velacho desarvorado.[1] O 28 de Agosto, a Leal Paulistana e a Maceió davam continuação à caça. Fustigada, a 25 de Mayo então encalhou no banco de La Ciudad, onde, aos poucos, foram ter os outros barcos. Às 11h00 o almirante republicano Brown deixou a 25 de Mayo e retornou para Buenos Aires a bordo do Republica.

Terminada a batalha com a vitória brasileira, as baixas somavam seis mortos e vinte e quatro feridos. A Argentina não divulgou suas baixas, mas sua maior perda material foi o navio 25 de Mayo (sua principal embarcação) que, devido ao seu estado danificado, não pôde ser mais utilizado.

Ordem de Batalha

Império do Brasil

Navios[2] Tipo Canhões
Niterói Fragata 38
Maria da Glória Corveta 30
Liberal Corveta 22
Maceió Corveta 20
Itaparica Corveta 20
Caboclo Brigue 18
29 de Agosto Brigue 18
Pirajá Brigue 18
Leal Paulistana Escuna 8
Conceição Navio menor 4
Dona Paula Navio menor 4
7 de Março Navio menor 3
9 de Janeiro Navio menor 2
12 de Outubro Navio menor 2
Itaparica Navio menor 1

Províncias Unidas do Rio da Prata

Navios[2] Tipo Canhões
25 de Mayo Fragata 36
Independencia Brigue 22
Congreso Brigue 18
Republica Brigue 16
Balcarce Brigue 14
Oriental-Argentino Corsário 13
Sarandi Escuna 8
Rio Escuna 1
Pepa Escuna 1
9 Canhoneiras Canhoneira 1 canhão cada

A batalha segundo o historiador militar Robert Scheina

Durante a noite de 29 de julho, Brown, comandando dezoito pequenos navios de guerra, mais uma vez, saiu e tentou sem sucesso surpreender os brasileiros. No dia seguinte, enquanto os esquadrões da Argentina aproximavam-se dos brasileiros em ângulo reto, Norton dividiu sua força, para controlar os argentinos mediante fogo cruzado (entre dois fogos). Brown, no 25 de Mayo, mudou o curso. A frota argentina então ficou sob sob fogo pesado. Depois de três horas de combate, a frota argentina escapou em águas rasas. O 25 de Mayo tornou-se um destroço flutuante e ia sendo rebocado para Los Pozos quando capotou e afundou. Os brasileiros perderam seis mortos e vinte feridos; no último grupo esteve John Pascoe Grenfell que perdeu um braço. As perdas argentinas podem ter sido tão altas quanto uma centena de mortos e uma centena de feridos.[3]

A batalha de acordo com a descrição do Barão do Rio Branco

Combate naval de Lara Quilmes. Ao amanhecer estavam fundeados na altura da Ponta de Lara os seguintes navios brasileiros (ver efeméride do dia anterior): fragata Niterói; corvetas Maria da Glória, Itaparica e Maceió; brigues Caboclo, Pirajá e 29 de Agosto; e escuna Leal Paulistana; a alguma distância a leste, a corveta Liberal, que logo velejou para incorporar-se à força principal. Os outros navios demoravam a sotavento, alguns na distância de casco alagado. Soprava pequena brisa do norte, oito navios argentinos estavam fundeados a barlavento, em linha quase paralela a nossa: a fragata 25 de Mayo; o brigue-barca Congreso; os brigues Independência, República, Balcarce e Oriental-Argentino; e as escunas Rio e Sarandí. O brigue Pirajá, que ficava entre a nossa linha e a inimiga, rompeu o fogo. As duas esquadras puseram-se em movimento quase ao mesmo tempo: a argentina virou em roda e orçou com amuras a estibordo; a brasileira virou por davante, e a Niterói e o Caboclo, que iam à frente, cortaram a linha inimiga, ganhando barlavento e aproximando-se, até a distância de tiro de pistola, da 25 de Mayo. Esta meteu em cheio e os outros navios argentinos orçaram em retirada, fazendo todos força de vela. O combate reduziu-se, assim, a uma ativa perseguição. A 25 de Mayo, separada da sua esquadra, foi atacada de barlavento pelo Niterói e pelo Caboclo, e de sotavento pela Maria da Glória. A Leal Paulistana acompanhou-o de perto, batendo-lhe a popa com o rodízio de proa. O fogo de um dos brigues inimigos cortou no Caboclo o braço grande e fez-lhe atravessar a gávea, sendo então ferido o comandante Grenfell. Depois deste acontecimento, o Caboclo atrasou-se. Às 10h30 a fragata inimiga, quase completamente desmantelada, arribou até ter o vento pela alheta. A Niterói arribou também e, nessa ocasião, tocou no fundo. A Maria da Glória já tinha sido obrigada a virar por falta de água. A Liberal, muito atrasada, não podia alcançar mais o inimigo. O Pirajá também manobrara mal e ficara distanciado. A corveta Itaparica tinha desarvorado o mastaréu do velacho, atacando os brigues inimigos que fugiam. Os outros navios brasileiros, que eram o 29 de Agosto, a Leal Paulistana e a Maceió, continuavam a caça, acompanhando os brigues e as escunas argentinas, de sorte que a 25 de Mayo pôde escapar, indo encalhar sobre o banco de La Ciudad, onde foi protegida pelas suas canhoneiras e pelos fugitivos que se foram aos poucos reunindo. Às 11h, Brown passou o seu pavilhão para o República, e Norton fez o sinal de levantar a caça e de reunir. Alguns dos navios inimigos foram encalhar no banco de Camarones. Tivemos neste combate seis mortos e 24 feridos, entre estes o capitão de fragata Grenfell e o primeiro-tenente Rafael de Carvalho, comandantes do Caboclo e do 29 de Agosto, e o segundo-tenente James Taylor, oficial da Niterói. A perda que os nossos adversários tiveram no pessoal não é bem conhecida. Sabe-se apenas que foi muito grande a bordo da 25 de Mayo. O Correio Nacional, de Buenos Aires, disse no dia 1o de agosto: [...] De acordo com os relatórios oficiosos, parece que não excede 30 mortos e 70 feridos. O Mensagero Argentino (3 de agosto) e o British Packet (no 1, de 4 de agosto) reduziram a 48 os mortos e feridos; no entanto, um ano depois, este último (no 46, de 17 de junho de 1827) dava outro algarismo, 55 mortos e feridos. A fragata 25 de Mayo nunca mais pôde servir. Quando entrou nos Pozos, rebocada pelas canhoneiras, as únicas velas que tinha eram o traquete, o velacho e a rabeca.

[4]

Bibliografia

  • LEMOS, Juvencio Saldanha. "A saga no Prata", Tomo II. Biblioteca do Exército. 2015.
  • DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo: Editora Ibrasa, 1987.
  • VALE, Brian. A War Betwixt Englishmen: Brazil Against Argentina on the River Plate, I. B. Tauris, 2000.
  • Carranza, Ángel Justiniano, "Campañas Navales de la República Argentina", Talleres de Guillermo Kraft Ltda., Buenos Aires, 2º edición, 1962.
  • Arguindeguy, Pablo E. CL, y Rodríguez, Horacio CL; "Buques de la Armada Argentina 1810-1852 sus comandos y operaciones", Buenos Aires, Instituto Nacional Browniano, 1999.
  • Horacio Rodríguez, Coronel de Marina Leonardo Rosales, Instituto Nacional Browniano, Buenos Aires, 2007.
  • Vale, Brian, Una guerra entre ingleses, Instituto de Publicaciones Navales, Buenos Aires, 2005
  • Baldrich, Juan Amadeo, Historia de la Guerra del Brasil, EUDEBA, Buenos Aires, 1974
  • Julio Mario Luqui Lagleyze, Breve Historia Arqueológica del Puerto de Buenos Aires
  • Roberto Alejandro Lettieri, Las campañas navales contra el Imperio del Brasil por parte de las Provincias Unidas del Río de la Plata (1825 –1828), Academia Uruguaya de Historia Marítima y Fluvial
  • Gaceta Mercantil N° 818 del 31 de julio de 1826.
  • Mensajero Argentino N° 79 del 1 de agosto de 1826.
  • British Packet N° 7 del 16 de septiembre de 1826.

Referências

  1. a b c d e Dicionário das batalhas brasileiras, Hernâni Donato, 2001, Editora Biblioteca do Exército
  2. a b Hernâni Donato (1987). Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo: Editora Ibrasa. p. 339 
  3. Latin America's Wars, the Age of the Caudillo, 1791-1899, Robert L. Scheina
  4. Efemérides brasileiras, de autoria do Barão do Rio Branco, páginas 126 a 128

Ligações externas

  • Efemérides brasileiras, pelo Barão do Rio Branco


O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Batalha de Lara-Quilmes
Ícone de esboço Este artigo sobre tópicos militares é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  • v
  • d
  • e
Tópicos gerais
Brasão de armas constituídos por um escudo com um campo verde com uma esfera armilar de ouro sobrepor na cruz vermelha e branca da Ordem de Cristo, rodeado por uma faixa azul com 20 estrelas de prata; os portadores são dois braços de uma coroa de flores, com um ramo de café à esquerda e um ramo de tabaco floração à direita; e acima do escudo é uma coroa de ouro e joias em arco. Cruzados atrás do escudo estão um cetro com a serpe da Casa de Bragança e outro com a mão da justiça. Todo o conjunto é coberto por um manto erminho e verde, encimado pela coroa imperial.
História
Política
Economia
Legislação