Babi Yar

Coordenadas: 50° 28′ 16" N, 30° 26′ 57" E

Prisioneiros de guerra soviéticos sendo usados pelos nazistas para cobrir uma vala comum após o massacre de Babi Yar, 1 de outubro de 1941.
Parte da série sobre o
Holocausto
Judeus na rampa de seleção em Auschwitz, maio de 1944
Responsabilidade
Alemanha Nazista
Pessoas
  • Principais autores
  • Adolf Hitler
  • Heinrich Himmler
  • Heinrich Müller
  • Reinhard Heydrich
  • Adolf Eichmann
  • Odilo Globocnik
  • Theodor Eicke
  • Richard Glücks
  • Ernst Kaltenbrunner
  • Rudolf Höss
  • Christian Wirth
  • Joseph Goebbels
Organizações
  • Partido Nazista
  • Gestapo
  • Schutzstaffel (SS)
  • Totenkopfverbände (SS-TV)
  • Einsatzgruppen
  • Sturmabteilung (SA)
  • Verfügungstruppe (SS-VT)
  • Wehrmacht
Colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial
Ideólogos nazistas
Guetos

Guetos judeus na
Polônia ocupada pela Alemanha
  • Lista de guetos nazistas
Campos
Campos de extermínio nazistas
Campos de concentração nazistas
Campos de trânsito e coleta
Bélgica
França
Itália
  • Bolzano
Países Baixos
Eslováquia
  • Sereď
Divisões
Métodos de extermínio
Atrocidades
Pogroms
Einsatzgruppen
  • Babi Yar
  • Bydgoszcz
  • Częstochowa
  • Kamianets-Podilskyi
  • IX Forte
  • Odessa
  • Piaśnica
  • Ponary
  • Rumbula
  • Aktion Erntefest
"Solução Final"
Fim da Segunda Guerra Mundial
  • Massacre de Wola
  • Marchas da morte
Resistência
Levantes dos guetos
  • Warsaw
  • Białystok
  • Łachwa
  • Częstochowa
Resposta Aliada
Declaração Conjunta dos
Membros das Nações Unidas
Consequência
Acordo de reparações entre
Israel e a Alemanha Ocidental
Listas
Cronologia das deportações de judeus
franceses para campos de extermínio
  • Sobreviventes de Sobibor
  • Cronologia do campo de extermínio de Treblinka
  • Vítimas do nazismo
  • Salvadores de judeus
  • Memoriais e museus
Recursos
  • Bibliografia
  • Lista de livros sobre a Alemanha Nazista
The Destruction of the
European Jews
  • Encyclopedia of Camps and Ghettos
Funcionalismo contra
intencionalismo
Lembrança
  • v
  • d
  • e

Babi Yar (em ucraniano: Бабин Яр, Babyn Yar; em russo: Бабий Яр, Babiy Yar) é uma ravina existente em Kiev, capital da Ucrânia, que ficou conhecida na história como local de um dos maiores massacres de judeus e civis da então União Soviética pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.[1]

Em 29 e 30 de setembro de 1941, 33 771[2] civis ucranianos judeus foram levados a Babi Yar e assassinados coletivamente, num dos maiores massacres de massa da história. No total, o Yad Vashem conseguiu comprovar a identidade de cerca de 3 000 judeus mortos. Nos meses que seguiram, milhares de outros judeus e não-judeus russos foram capturados, trazidos à ravina e fuzilados, num total de cerca de 100 000 mortos. Muitos dos judeus mortos estavam foragidos da ocupação de Kiev de onde fugiram 100 mil deles e antes da guerra a cidade de Babi Yar tinha 60 mil hebreus.[3]

História

A ravina de Babi Yar é mencionada por registos históricos desde 1401 e através dos tempos sua área foi usada para diferentes propósitos, incluindo campos militares e cemitérios, um dos quais, judeu, foi fechado em 1937. Após a invasão da URSS pelas tropas nazistas em junho de 1941, a cidade de Kiev acabou caindo em mãos alemães depois de 45 dias de batalha, em 19 de setembro. Poucos dias após a ocupação, as execuções começaram com o fuzilamento de 700 pacientes de um hospital psiquiátrico da cidade.

Convocação dos judeus de Kiev feita pelos nazistas.

Em 28 de setembro, um aviso foi afixado pelos postes e muros de Kiev, dirigido aos judeus:

Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 8 horas da manhã de segunda-feira, 29 de setembro de 1941 portando documentos, dinheiro, roupas de baixo, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados.

Os judeus levados à ravina esperavam ser embarcados em trens. A multidão de homens, mulheres e crianças era grande o bastante para que ninguém tomasse conhecimento do que estava para acontecer a não ser tarde demais. Todos passavam por um corredor de soldados gritando em grupos de dez e fuzilados; ao escutarem o barulho das metralhadoras do grupo logo à frente, não tinham mais como escapar.

O massacre foi realizado em dois dias, a cargo da unidade C do Einsatzgruppen, o esquadrão da morte das SS, apoiados por membros de um batalhão das Waffen-SS; unidades da polícia ucraniana também seriam usadas para agrupar e conduzir os judeus até o local de fuzilamento, o que provocaria uma grande discussão na Ucrânia após a guerra. Contráriamente ao mito da "Wehrmacht limpa", o Sexto Exército, sob o comando de Walter von Reichenau, colaborou com as SS e as SD no planeamento e execução do massacre dos judeus de Kiev.[4]

Além deste massacre, Babi Yar foi cenário de milhares de outras execuções durante os dois anos de ocupação nazista de Kiev. O número total de mortos na ravina não é exato, mas o número mais aceito, cerca de 100 mil, foi fornecido pelo cálculo de moradores obrigados a enterrar os corpos. Tempos depois, o campo de concentração de Syrets foi erguido no local e nele internados prisioneiros de guerra russos, civis comunistas e combatentes da resistência, que ali eram executados.

Quando os nazistas se retiraram de Kiev, fizeram tentativas de esconder os sinais das atrocidades cometidas durante os anos de ocupação. Entre agosto e setembro de 1943, o campo de Syrets foi parcialmente demolido e diversos corpos exumados e queimados, com as cinzas espalhadas pelas áreas vizinhas. Na noite de 29 de setembro de 1943, quando o campo estava sendo desmantelado, estourou uma revolta entre os internos e quinze deles conseguiram escapar; após retomar o controle da situação, os alemães fuzilaram os 311 sobreviventes.

Mapa com a localização de Babi Yar.

A lembrança

Quando o Exército Vermelho retomou o controle de Kiev em novembro de 1943, o campo foi transformado num local de internamento de prisioneiros alemães e operado até 1946, quando foi totalmente demolido. Nos anos 50 e 60, a área virou um grande parque e um complexo de apartamentos.

O governo soviético sempre desencorajou que se desse ênfase ao massacre de judeus em Babi Yar, preferindo oficialmente que a tragédia fosse lembrada como um crime cometido contra todo o povo soviético e a população de Kiev. Diversas tentativas de se erguer um memorial judeu no local dos massacres foram adiadas. Em 1976 foi erguido um memorial em honra de todos os cidadãos soviéticos ali fuzilados, mas apenas em 1991, com o fim da URSS, os judeus puderam finalmente erguer o seu próprio monumento.

Sobre Babi Yar, o escritor e sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel escreveu:

As testemunhas oculares disseram que, por meses após as mortes, o solo de Babi Yar continuava a esguichar gêiseres de sangue.

[5][6][7] O memorial do holocausto foi inclusive cancelado em 2014 nos Estados Unidos pelos antissemitas que faziam parte da diáspora ucraniana naquele país.[8]

Ver também

Referências

  1. BOTH VICTIM AND PERPETRATOR UKRAINE’S PROBLEMATIC RELATIONSHIP TO THE HOLOCAUST
  2. «Kiev and Babi Yar». encyclopedia.ushmm.org (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2019 
  3. KIEV AND BABI YAR
  4. Wette, Wolfram (2002). The Wehrmacht : history, myth, reality. [S.l.]: Harvard University Press. pp. 120–128 
  5. Vechernyi Kiev, 9 October 1996.
  6. Tatiana Tur, “Babii Yar — bratskaya mogyla ukrainskich zhertf CheKa,” Derzhavnist 3 (18) (August 1996).
  7. Za vilnu Ukrainu 68–72 (1997)
  8. Ukraine Holocaust Memorial Canceled Out Of Fear U.S. Backed Anti-Semites

Leitura adicional

  • Anatoli, A. (Kuznetsov), trans. David Floyd, (1970), Babi Yar, Jonathan Cape Ltd. ISBN 0-671-45135-9
  • "Babi Yar in the mirror of science, or the map of Bermuda Triangle", artigo no Zerkalo Nedeli (the Mirror Weekly), 2005, online in Russian and in Ukrainian

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Babi Yar
  • Babi Yar - memorial no parque Babi Yar, Kiev.
  • Cópia do relatório da situação operacional dos Einsatzgruppen, No. 101
  • "Babi Yar", por Yevgeny Yevtushenko (em inglês)
  • victorian.fortunecity.com
  • págia da wfjcsh sobre Babi Yar (em inglês)
  • Portal dos direitos humanos
  • Portal da Segunda Guerra Mundial
  • Portal da Ucrânia